Educação,criatividade e a cultura
*por Fernando Rizzolo
Numa sociedade em que os moldes de ensino sempre vieram formatados, prontos para serem seguidos, pouco espaço foi reservado ao valor do desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, quer nas escolas públicas, quer nas escolas particulares, no nosso país. O padrão pedagógico repressor sempre foi um segmento de continuidade de uma formação rígida que tem origem e fundamento nos conceitos cristãos de educação.
Foi com base nessa opinião e a preocupação em desenvolver a sensibilidade no ensino que o filósofo, educador e artista Rudolf Steiner (1861-1925) criou uma linha de pensamento que enxerga o homem além do material. Trata-se da Antroposofia, que prega o conhecimento do ser humano aliando fé e ciência. Sua pedagogia é um reflexo dessa forma de pensar, que sobrevive há um século. Na educação infantil, Steiner via a importância de estimular a imaginação das crianças e dizia que não se deviam oferecer brinquedos industrializados a elas, que já vêm prontos, pois a ideia era construir no imaginário infantil a progressão dos conceitos de educação, de acordo com a compreensão da criança.
Ainda lembro quando, certa vez, uma professora repreendeu um coleguinha do primário, num colégio estadual no qual eu estudava, apenas pelo fato de ele estar na aula de português escrevendo num diário como havia sido seu final de semana na praia. Aquela atitude, na realidade, agrediu a imaginação daquele pequeno aluno de 7 anos, que se viu humilhado durante a aula em função de um ato literário, criativo, da maior relevância.
Os mecanismos de sublimação da imaginação e da criatividade devem ser rechaçados, dando lugar aos estímulos que propiciam a construção de mentes criativas ligadas à arte, às reflexões sociais, às soluções de problemas contemporâneos que constroem o exercício da compreensão da diversidade e do multiculturalismo. Educar nos moldes atuais significa oferecer instrumentos que despertem o vivenciar criativo em bases sólidas, aportando conceitos suplementares e experimentais, enriquecendo o aprendizado e estimulando os alunos a fazerem uso da criatividade para resolver problemas pessoais e até mesmo interpessoais no decorrer da vida.
Talvez meu colega de primário, se estimulado, pudesse se tornar um escritor, um jornalista, assim como tantos outros anônimos que cantam no centro cidade, artistas que saltam nas praças públicas, crianças nos faróis com seus malabares poderiam, enfim, sentir-se realizados e recompensados, empregados, se tivéssemos criado uma formação educacional cultural em que a arte e a criatividade fossem a mola propulsora do ensino – um ensino baseado no enlace entre a formação tradicional e o despertar da arte e da sensibilidade, com um novo olhar do educador ao prestigiar as manifestações criativas dos alunos ou, quem sabe, destes aplaudindo a leitura, feita pelo professor, das partes do diário de um menino criativo, pouco interessado numa aula de português.
Fernando Rizzolo é advogado, pós-graduado em Direito Processual, mestrando em Direito Constitucional, Prof. do Curso de Pós Graduação em Direito da Universidade Paulista (UNIP). Participa como coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, é membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, foi articulista colaborador da Agência Estado, e editor do Blog do Rizzolo -www.blogdorizzolo.com.br
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Numa sociedade em que os moldes de ensino sempre vieram formatados, prontos para serem seguidos, pouco espaço foi reservado ao valor do desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, quer nas escolas públicas, quer nas escolas particulares, no nosso país. O padrão pedagógico repressor sempre foi um segmento de continuidade de uma formação rígida que tem origem e fundamento nos conceitos cristãos de educação.
Foi com base nessa opinião e a preocupação em desenvolver a sensibilidade no ensino que o filósofo, educador e artista Rudolf Steiner (1861-1925) criou uma linha de pensamento que enxerga o homem além do material. Trata-se da Antroposofia, que prega o conhecimento do ser humano aliando fé e ciência. Sua pedagogia é um reflexo dessa forma de pensar, que sobrevive há um século. Na educação infantil, Steiner via a importância de estimular a imaginação das crianças e dizia que não se deviam oferecer brinquedos industrializados a elas, que já vêm prontos, pois a ideia era construir no imaginário infantil a progressão dos conceitos de educação, de acordo com a compreensão da criança.
Ainda lembro quando, certa vez, uma professora repreendeu um coleguinha do primário, num colégio estadual no qual eu estudava, apenas pelo fato de ele estar na aula de português escrevendo num diário como havia sido seu final de semana na praia. Aquela atitude, na realidade, agrediu a imaginação daquele pequeno aluno de 7 anos, que se viu humilhado durante a aula em função de um ato literário, criativo, da maior relevância.
Os mecanismos de sublimação da imaginação e da criatividade devem ser rechaçados, dando lugar aos estímulos que propiciam a construção de mentes criativas ligadas à arte, às reflexões sociais, às soluções de problemas contemporâneos que constroem o exercício da compreensão da diversidade e do multiculturalismo. Educar nos moldes atuais significa oferecer instrumentos que despertem o vivenciar criativo em bases sólidas, aportando conceitos suplementares e experimentais, enriquecendo o aprendizado e estimulando os alunos a fazerem uso da criatividade para resolver problemas pessoais e até mesmo interpessoais no decorrer da vida.
Talvez meu colega de primário, se estimulado, pudesse se tornar um escritor, um jornalista, assim como tantos outros anônimos que cantam no centro cidade, artistas que saltam nas praças públicas, crianças nos faróis com seus malabares poderiam, enfim, sentir-se realizados e recompensados, empregados, se tivéssemos criado uma formação educacional cultural em que a arte e a criatividade fossem a mola propulsora do ensino – um ensino baseado no enlace entre a formação tradicional e o despertar da arte e da sensibilidade, com um novo olhar do educador ao prestigiar as manifestações criativas dos alunos ou, quem sabe, destes aplaudindo a leitura, feita pelo professor, das partes do diário de um menino criativo, pouco interessado numa aula de português.
Fernando Rizzolo é advogado, pós-graduado em Direito Processual, mestrando em Direito Constitucional, Prof. do Curso de Pós Graduação em Direito da Universidade Paulista (UNIP). Participa como coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, é membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, foi articulista colaborador da Agência Estado, e editor do Blog do Rizzolo -www.blogdorizzolo.com.br
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Sonia.